Arquivo da categoria: J. W. Goethe

Sempre um livro

O post de hoje é uma espécie de propaganda de um outro blog, blog este que está dando seus primeiros passos e conta também com contribuições minhas.

Deixa eu explicar melhor: em abril do ano passado, a convite do comentador mais ativo do Un Quimera, o grande Ivan Bilheiro, entrei em um grupo de leituras, que a princípio não tinha nome, nem nada.

O grupo surgiu e foi crescendo. Todos os primeiros sábados do mês eram data pra discutir a obra do mês, escolhida sempre no mês anterior. De Simone de Beauvoir a Clarice Lispector, passando por Lourenço Mutarelli, Italo Calvino, Dostoiévski, Voltaire, Cristóvão Tezza, Gilles Deleuze e Guimarães Rosa, muita coisa já foi lida, discutida, comentada e com o tempo o grupo adquiriu um nome – Sempre um livro – e também um blog.

A ideia do blog, entretanto, ficou por um tempo estacionada e agora, no começo de 2012, foi retomada.

Essa retomada se deu com um texto meu sobre o autor que estamos lendo no momento, Goethe. A obra em questão, Fausto, terá seu post no mês que vem, por enquanto deixei lá um pequeno texto sobre o autor, que reproduzo aqui pra colaborar ainda mais com o “post-propaganda”:

O multifacetado J. W. Goethe

“Quanto errei, quanto vivi,
Quanto aspirei e sofri,
Só flores num ramo — aí estão;
E a velhice e a juventude,
E o erro e a virtude
Ficam bem numa canção.”

(Aos Leitores Amigos – J. W. Goethe)

Caros amigos do Sempre um livro e demais leitores, inicio hoje, de fato, as atividades deste blog. Criado há quatro meses, devido a várias outras atividades desenvolvidas pelos membros do grupo (o sempre corrido fim de período talvez tenha sido a principal delas), ainda não teve muitos textos publicados. Agora em 2012 dou o pontapé inicial, falando um pouco do autor que estamos lendo no momento: Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832).

A obra dos meses de dezembro, janeiro e fevereiro é Fausto e terá comentários mais específicos sobre ela em breve, por enquanto o foco é no autor, Goethe. Nascido a 28 de agosto de 1749, em Frankfurt, Alemanha, Goethe é marcado por uma dupla precocidade e também por um caráter multifacetado, foi, além de poeta, um amante da filosofia e da ciência, fazendo incursões em ambos os campos.

A dupla precocidade se dá no campo literário e sentimental. Recebeu influências da literatura francesa, de escritores como Molière (1622-1673), Racine (1639-1699), Voltaire (1694-1778) e já aos dez anos começou a esboçar seus primeiros versos. O detalhe é que a literatura alemã de sua época de criança era muito pouco prestigiada em toda Europa, o que Goethe ainda não sabia era que ele e mais alguns autores contemporâneos a ele mudariam e muito essa fama, muito em virtude do movimento que ficou conhecido como Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto), que se opunha ao Iluminismo, tão em voga na época e que acabou servindo de porta de entrada para o Romantismo. Também cedo Goethe teve suas primeiras paixões, seus encontros e desencontros amorosos influenciaram de maneira bem forte suas obras, em especial aquela que marcou definitivamente Goethe na literatura do século XVIII: Os Sofrimentos do Jovem Werther (1774).

Pouco depois da publicação de Werther, em 1775, Goethe é convidado pelo Duque Carlos Augusto (1757-1828) para administrar o ducado de Weimar. Nesse posto Goethe passa boa parte de sua vida e as publicações de livros e poemas não param (assim como suas aventuras amorosas).

Na última década do século XVIII, Goethe tem boa parte de suas funções administrativas no ducado de Weimar retiradas, e começa a se ocupar com assuntos relacionados à Universidade de Iena. É aí que ele terá um contato mais direto com a filosofia da época, vários nomes podem ser citados, como os de Fichte (1762-1814), Herder (1744-1803), Schiller (1759-1805) e, em especial, Schelling (1775-1854), de quem foi tutor e admirador em Iena. O interesse de Goethe pela filosofia tinha fortes relações com a poesia, mas também versava sobre assuntos muito em voga na época, a questão do panteísmo, do ateísmo e os desdobramentos pós-kantianos que o chamado Idealismo Alemão iria tomar.

Esse período também foi de muito interesse pela ciência. Goethe fez inúmeros estudos de botânica e ciências naturais em geral e publicou, em 1805, sua Teoria das Cores.

É no período final de sua vida, entretanto, que Goethe escreve a obra que estamos lendo. O Fausto de Goethe tem duas partes, a primeira publicada em 1808 e a segunda em 1830. Os conhecimentos científicos e também de alquimia e ocultismo adquiridos durante sua vida, além da filosofia do Idealismo Alemão e toda sua poesia estão reunidos nesta que talvez seja sua principal obra. “Para o Dr. Fausto o homem pode saber mais, muito mais. Nem que para isso seja necessário aliar-se a um anjo das trevas, o terrível Mefistófeles”. (MEIRA, 1983).

Goethe encontra a morte dois anos depois da publicação do segundo Fausto, em 1832. O que não dá pra deixar de citar é aquela que a história diz ter sido a última frase pronunciada pelo poeta: “Abram a janela do quarto, para que entre mais luz”. Entre a luz e as sombras, Goethe se posicionou de maneira múltipla e intensa dentro da história da cultura ocidental.

O recado era esse. Então, você, leitor do Un Quimera, já sabe né? Leia também o Sempre um livro! E que continuemos assim, sempre com um livro, pra comentar, pensar, discutir…