Vou com uma canção de Celso Viáfora e Vicente Barreto, brilhantemente interpretada por Ney Matogrosso pra ilustrar o 7 de setembro:
A Cara do Brasil
Eu estava espamarrado na rede, Jeca Urbanóide de papo pro ar
Me bateu a pergunta meio à esmo: na verdade, o Brasil o que será?
O Brasil é o homem que tem sede ou que vive da seca do sertão?
Ou será que o Brasil dos dois é o mesmo o que vai é o que vem na contra-mão?
O Brasil é um caboclo sem dinheiro procurando o doutor nalgum lugar
Ou será o professor Darcy Ribeiro que fugiu do hospital pra se tratar?
A gente é torto igual Garrincha e Aleijadinho ninguém precisa consertar
Se não der certo a gente se virar sozinho decerto então nada vai dar
O Brasil é o que tem talher de prata ou aquele que só come com a mão?
Ou será que o Brasil é o que não come o Brasil gordo na contradição?
O Brasil que bate tambor de lata ou que bate carteira na estação?
O Brasil é o lixo que consome ou tem nele o maná da criação?
Brasil Mauro Silva, Dunga e Zinho que é Brasil zero a zero e campeão
Ou o Brasil que parou pelo caminho: Zico, Sócrates, Júnior e Falcão
O Brasil é uma foto do Betinho ou um vídeo da Favela Naval?
São os trens da alegria de Brasília ou os trens do subúrbio da Central?
Brasil-Globo de Roberto Marinho, Brasil-Bairro: Carlinhos-Candeal?
Quem vê, do Vidigal, o mar e as ilhas, ou quem das ilhas vê o Vidigal?
O Brasil encharcado, palafita? Seco, açude sangrando chapadão?
Ou será que é uma Avenida Paulista? Qual a cara da cara da nação?